terça-feira, 10 de junho de 2014

Bem-vindos

Prezados amigos, amigas, colegas e todo mundo,
Este blog tem por objetivo divulgar ideias, pensamentos e experiências relacionados com minha vivência na zona rural, na roça. Eu nasci numa fazenda em um local chamado Capivarinha do Chumbo, próxima uns 10 quilômetros do povoado Capelinha do Chumbo, município de Patos de Minas. Infelizmente, os políticos mudaram o seu nome para Major Porto, em homenagem a um senhor de uma localidade próxima, Chumbo ou Areado. Ironicamente, pelo que fiquei sabendo esses políticos sempre prejudicaram Capelinha do Chumbo, puxando todo e qualquer benefício para sua localidade, Chumbo.
Eu não só nasci em Capivarinha do Chumbo/Capelinha do Chumbo. Eu vivi aí até os 16 anos de idade. Só nessa idade fui conhecer a primeira cidade, Patos de Minas. Como Capivarinha do Chumbo se restringia a nossa fazenda e a de alguns parentes, o nome que mais ficou na minha memória é Capelinha do Chumbo.
Para se ter uma ideia de minha ligação com este local, havia uma pequena árvore, a Arvinha, em frente a nossa casa que me marcou muito, pois vivíamos encarapitados nela, além de nos abrigarmos do sol embaixo dela.
Aqui está um poema que fiz como catarse pela tristeza com a mudança do nome de Capelinha do Chumbo para Major Porto. Ele foi publicado no Prefácio do livro Ecolinguística: Estudo das relações entre língua e meio ambiente (Brasília: Thesaurus, 2007), página 15. Esse livro se insere no contexto de minha atividade profissional com a Ecolinguística, sobre a qual tenho outro blog, cujo endereço é:

CAPELINHA DO CHUMBO

Eu nasci na Capivarinha,
a Capivarinha do Chumbo.
Mas, entre ela e ocê, Capelinha!,
que é tamém do Chumbo,
tava o meu mundo.

Cresci veno a serra do Parmital,
a serra do Roxa e a Capetinga
‑ é de lá que a chuva vinha! ‑,
o corgo das Batata, o dos Miguel,
a fazenda do Juca, a do Quinca e a do Nadim.

Na beira da estrada na frente da casa
ficava as binga e a Arvinha.
É lá que o Osmar chegava,
é lá que passava as pessoa
que ia pa Capelinha.

O trem era dos mais bão.
Eu rolava na puera com o Pacheco,
namorava a Branca, a Zirda
ou a Teresinha Xavier.
Eu só tinha medo do Mato Seco.

Quando eu vortei pa vê ela, disse:
"Uai, cadê a Capelinha?!"
"Agora ela é Major Porto!"
Foi o que disse o Churim.
Sô, não existe mais a que foi minha!

Brasília, 22/12/1991, 18h05min
 
 

Nenhum comentário:

Postar um comentário